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'Não tenho ouro nem prata, mas trago Jesus Cristo', diz Papa no Rio
Em discurso no Palácio da Guanabara, Francisco pediu licença para bater à porta dos corações dos brasileiros
Em sua primeira manifestação pública no Brasil, o papa Francisco
afirmou nesta segunda-feira que pretende transferir "à inteira nação
brasileira" o seu afeto durante sua estada no País, por ocasião da
Jornada Mundial da Juventude de 2013. Em discurso proferido no Palácio
da Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, o Pontífice afirmou que
sua missão é levar a palavra de Jesus Cristo aos jovens de todo o
mundo.
"Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com
vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi
dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor
fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada
um a minha saudação: 'A paz de Cristo esteja com vocês!'", disse
Francisco, diante da presidente Dilma Rousseff, do governador do Rio,
Sérgio Cabral, e diversas autoridades do Brasil e da Igreja Católica.
O papa argentino
comemorou o fato de que sua primeira viagem internacional tenha tido a
América Latina como destino. "Quis Deus na sua amorosa providência que a
primeira viagem internacional do meu pontificado me consentisse voltar à
amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de
seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé
e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucesso de Pedro",
discursou.
Francisco destacou o caráter heterogêneo do evento, que
une jovens de todos os cantos do mundo. "O motivo principal da minha
presença no Brasil, como é sabido, transcende suas fronteiras. Vim para a
Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar jovens que vieram de
todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor.
Eles querem agasalhar-se no seu braço para, junto do seu coração, ouvir
de novo o potente e claro chamado: 'ide e fazei discípulos em todas as
nações'", citou.
O patriarca também recorreu a um dito brasileiro para
defender a proteção da juventude. "Os pais usam dizer por aqui: 'os
filhos são a menina dos nossos olhos'. Que bela expressão da sabedoria
brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela
pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de
nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir
em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe
interpelar por esta desafiadora pergunta", disse Francisco.
Por fim, Francisco agradeceu o acolhimento e estendeu
seu afeto a toda a população brasileira. "Peço a todos a delicadeza da
atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo
de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a
inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e
religiosa. Desde a Amazônia
até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as
metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa", afirmou.
Veja a íntegra do discurso do papa Francisco
"Senhora Presidenta,
Ilustres Autoridades,
Irmãos e amigos!
Ilustres Autoridades,
Irmãos e amigos!
Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira
viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada
América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus
sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e
amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucesso de Pedro.
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é
preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso
permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente esta porta. Peço
licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro
nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!
Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em
cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação:
'A paz de Cristo esteja com vocês!'
Saúdo com deferência a senhora presidenta e os
ilustres membros do seu governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e
por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha
presença em sua Pátria. Cumprimento também o senhor governador deste
Estado, que amavelmente nos recebe na sede do governo, e o senhor
prefeito do Rio de Janeiro, bem como os membros dos Corpos de
Diplomático acreditado junto ao governo brasileiro, as demais
autoridades presentes e todos quantos se prodigalizaram para tornar
realidade esta minha visita.
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos
no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus
neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha
visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do
Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé de Cristo, de animá-los
a testemunhar as razões da Esperança que d'Ele vêm e de incentivá-los a
oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
O motivo principal da minha presença no Brasil, como
é sabido, transcende suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da
Juventude. Vim para encontrar jovens que vieram de todo o mundo,
atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem
agasalhar-se no seu braço para, junto do seu Coração, ouvir de novo o
potente e claro chamado: 'Ide e fazei discípulos em todas as nações'.
Estes jovens provêm de diversos continentes, falam
línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em
Cristo encontraram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações
e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os
irmanem para além de toda a diversidade.
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia
alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos
jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo 'bota
fé' nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria casa: 'Ide e fazei
discípulos'. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível
e criem um mundo de irmãos. Também os jovens 'botam fé' em Cristo. Eles
não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não
serão desiludidos.
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho
consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias,
às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas
quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande
medida, depende o futuro destas novas gerações.
Os pais usam dizer por aqui: 'os filhos são a menina
dos nossos olhos'. Que bela expressão da sabedoria brasileira que
aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a
luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não
tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O
meu auspício é que, nesta semana,cada um de nós se deixe interpelar por
esta desafiadora pergunta.
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no
mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se
demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber
abrir-lhe espaço; tutelar as condições materiais e imateriais para o seu
pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os
quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se
torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pels
quais a vida mereça ser vivida; assegurar-lhe um horizonte transcendente
que responda à sede da felicidade autêntica, suscitando nele a
criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à
medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para
que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e,
se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos.
Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação
brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a
Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até
as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de
amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa
Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e
famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo acolhimento."
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